Outubro Rosa

Exercícios em combate ao câncer de mama

Projeto da UFPel oferece atividades físicas a mulheres que estão em tratamento

Gabriel Huth -

Gabriel Huth_988215

Stephanie Santana Pinto é coordenadora do Projeto Érica (Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)

O diagnóstico de câncer de mama transformou a vida e a carreira de Stephanie Santana Pinto, professora da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (Esef-UFPel). O desespero e a incerteza que tomaram conta da docente no início da doença transformaram-se em chance de ajudar outras pessoas que passaram pelo mesmo sufoco. É o projeto Erica, que oferece a mulheres em recuperação do câncer de mama uma oportunidade de fazer atividade física.

O objetivo do projeto é melhorar a qualidade de vida dessas pacientes, minimizando os transtornos causados pelas sessões de químio e radioterapia e pela cirurgia. A iniciativa surgiu em 2016, quando uma pesquisadora da instituição baseou sua dissertação de mestrado nos benefícios que a atividade física proporciona a mulheres que tiveram câncer de mama. Na oportunidade, 26 pessoas participaram da pesquisa e realizaram exercícios orientados por oito semanas.

Os benefícios vieram rápido. O tempo de acompanhamento dessas mulheres, no entanto, era limitado aos dois meses necessários para a realização do estudo. Foi neste momento que a professora Stephanie decidiu mudar sua linha de pesquisa e abraçar a causa. “Eu percebi que posso usar a minha profissão para fazer o bem a outras mulheres”, comenta. Surgiu, então, o projeto de extensão batizado de Erica. A iniciativa oferece, duas vezes por semana, atividades físicas orientadas a mulheres que já realizaram o tratamento primário para o câncer de mama.

Gabriel Huth_988201

Integrante do projeto desde 2016, Joana Parker afirma que sua vida melhorou muito depois dos exercícios (Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)

Joana Parker, 71, integra o projeto desde a criação. Ela recebeu o diagnóstico aos 65 anos. “Fui a primeira da família a ter a doença. Foi muito difícil”, lembra. Quando terminou a primeira fase do tratamento, recebeu uma ligação da Esef e foi convidada a participar. “A notícia era tão boa que eu nem acreditei. Isso aqui é uma bênção na minha vida.”

Ela, que mora no Fragata, precisa pegar dois ônibus para chegar à faculdade, mas garante que vale a pena. “Até varrer a casa ficou mais fácil depois que eu comecei a fazer exercício”, fala. A fadiga afeta cerca de 75% das pacientes durante e após o tratamento. Dados do estudo e do projeto Erica revelam que as participantes reduziram pela metade a percepção de cansaço.

Homenagem
O projeto Erica tem um sentido especial para Stephanie. Primeiro, porque ela se enxerga naquelas mulheres que, assim como ela, são sobreviventes do câncer. “Eu sei o que é esse turbilhão de sentimentos que acontece na nossa vida, quando a gente lê a palavra câncer na biópsia”, desabafa. Além disso, o projeto é uma forma de homenagear uma amiga querida, uma espécie de anjo que deu apoio e ajudou na hora de buscar um oncologista.

Gabriel Huth_988209

A familia de Érica diz que o projeto é uma forma de manter a jovem viva (Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)

Érica Ferguson Kirst era irmã de um outro professor da Esef, o Tomas. E lutava contra a mesma doença. “O Tomas foi a primeira pessoa daqui para quem eu liguei quando recebi o diagnóstico, porque sabia que a família dele passava por isso”, conta. Erica também é a sigla de Exercise Research in Cancer (pesquisa sobre exercício físico e câncer, em tradução livre).

“É uma baita homenagem. Apesar de tudo o que aconteceu, nós ficamos muito felizes e orgulhosos da Erica”, comenta Tomas. A família reconhece a bravura da jovem frente à doença e lembra, com carinho, do jeito leve como ela encarou o câncer. “O projeto é uma forma de manter a memória dela viva”, completa a mãe Maria José Ferguson Kirst. “Ela foi um exemplo muito grande para mim”, finaliza Stephanie.

Benefícios

É comprovado cientificamente que o exercício físico é uma terapia efetiva em pacientes com câncer. Entidades internacionais na área recomendam a pessoas que já tiveram a doença a prática de exercícios por, pelo menos, 150 minutos toda semana. Maria Laura Brizio, integrante do projeto, descobriu em sua pesquisa de doutorado que praticar exercícios regularmente diminui em 60% a chance de incidência de câncer de mama. O estudo foi feito em Pelotas e todas as clínicas de oncologia da cidade participaram.

As 11 integrantes do projeto Erica praticam exercícios físicos duas vezes na semana. Cada treino dura, em média, uma hora e é composto por aquecimento de cinco minutos, 11 exercícios de força e 30 minutos de exercícios aeróbicos. As sessões são finalizadas com alongamento. Os encontros ocorrem na academia da Esef, na rua Luiz de Camões, 625. Todas as atividades são monitoradas por bolsistas ou colaboradores do projeto.

Atividade física pós-diagnóstico de câncer de mama
►Reduz de 24% a 67% o risco de morte em geral

►Reduz de 50% a 53% o risco de morte por câncer de mama

►Aumenta em 16% a capacidade cardiorrespiratória

►Aumenta em 29% a força muscular de membros inferiores

►Reduz 50% da percepção de fadiga

Participe!

O projeto Erica está recrutando novas pacientes. Podem participar mulheres sedentárias que finalizaram o tratamento primário (cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia) para o câncer de mama há pelo menos seis meses e que tenham sido diagnosticadas em estágios I e III. Quem se encaixa nesse padrão e deseja realizar as atividades propostas pode entrar em contato com Valéria Pires pelo telefone (53) 98447-5912.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Reconhecimento além das fronteiras Anterior

Reconhecimento além das fronteiras

É sua vez: faça um  gol pelo Jovem Atleta Próximo

É sua vez: faça um gol pelo Jovem Atleta

Deixe seu comentário